Ah, os tempos de outrora, quando o futebol na Bahia tinha um sabor diferente. Lembro-me com carinho daquelas tardes de domingo em que as arquibancadas do Estádio Fonte Nova se enchiam de cores contrastantes, mas os corações batiam em uníssono. Era a época em que a rivalidade entre os torcedores do Bahia e do Vitória era mais romântica do que odiosa.Sentar lado a lado com um amigo vestido com as cores do rival não era apenas possível; era uma tradição. Durante os Ba x Vi, a rivalidade se traduzia em gozações amigáveis, discussões apaixonadas sobre o jogo e um respeito mútuo que transcendia a paixão pelo futebol. Nossa cidade respirava o esporte de forma única, e a rivalidade era parte integrante desse amor compartilhado.Entretanto, como muitas histórias de rivalidade, essa também teve seus momentos sombrios. A violência entre as torcidas começou a crescer, levando as autoridades a tomarem medidas drásticas. A decisão de impor torcida única nos estádios foi um golpe doloroso para os amantes do futebol na Bahia. Ficou claro que a paixão pelo esporte está sendo sufocada pela imprudência de alguns.Hoje, as arquibancadas não exibem mais aquele mosaico de cores vibrantes que costumavam. A rivalidade permanece, mas está envolta em cercas de segurança e regras rigorosas. As músicas e cânticos das torcidas não ecoam da mesma forma, e a atmosfera de amizade que antes existia entre adversários é uma lembrança distante.Enquanto olhamos para trás, podemos lamentar o tempo bom que não volta mais. A rivalidade, agora forçada a se esconder, deixou uma saudade profunda na alma dos verdadeiros torcedores. Ainda assim, a esperança de que um dia o amor pelo futebol na Bahia possa superar a rivalidade e reacender a chama da amizade perdida permanece viva. Afinal, no coração de cada torcedor, o amor pelo Vitória ou pelo time de Itinga continua a ser uma paixão inextinguível, e quem sabe um dia possamos novamente assistir a um Ba x Vi lado a lado, como amigos que compartilham o mesmo amor pelo esporte.